Leio, logo indico: Caetés
Hey Leitores!
Vocês concordam que atualmente os clássicos brasileiros não são os mais populares entre os leitores? Prova disso é não vermos muitas resenhas recentes sobre eles por aí, pois a literatura contemporânea tem nos envolvidos e nos deliciado com histórias e mais histórias(e eu adoro todos: Chick-list, YA, infantojuvenil ... ♥ ler é o que importa), desde as que nos enchem de fascínio por seu conteúdo fantástico, até as mais realistas, que ocorrem no cenário em que vivemos, trazendo avante as principais inquietações dos indivíduos . Mas a verdade é que a literatura sempre será sobre nós, nem sempre aqui, nem sempre agora, mas sobre nós, seres humanos, inquietos com seus conflitos, sejam eles pessoais, profissionais, em sociedade ou mesmo os mais introspectivos, sobre as batalhas que travamos em um mundo igualmente vasto, mas que limita-se a imensidão de nossos pensamentos. E é pensando nesse tipo de conflito que os literários analisam Caetés, que os convido a conhecer agora.
Guardado em uma gaveta durante três anos após o término de sua produção o livro foi lançado em 1933, sendo visto po alguns como "ultrapassado", uma vez que foi escrito durante uma fase de transição entre o Naturalismo e o Modernismo, o que tornou um prato cheio para os estudos literários, que tem muito a falar sobre a rica produção de Graciliano. O centro dos debates é exatamente o fato de alguns dizerem que o romance em questão tem como foco o “grupo” e outros o “indíviduo”, sendo que esta opção é a que melhor traduz o Caetés.
Sinopse: Primeiro romance de Graciliano Ramos, Caetés foi originalmente publicado em 1933. João Valério, o personagem principal e também narrador, é o guarda-livros da casa comercial Teixeira & Irmão na cidade de Palmeira dos Índios. O enredo se desenvolve em dois planos: a paixão de João Valério por Luísa, mulher de Adrião, dono do armazém onde ele trabalha; e a tentativa de Valério escrever um romance histórico sobre os índios caetés. O cotidiano da classe média da pequena cidade nos é apresentado lentamente, em um texto conciso e sintético, marca de Graciliano em toda a sua produção. O autor destaca-se como o principal romancista da segunda fase do Modernismo brasileiro.
“A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.” (Graciliano Ramos) Entre as poucas obras que li do autor é perceptível que seu estilo de escrita é direto e, de certa forma, rústico. Caetés, sua obra menos “lapidada”, é vista como um preparo para as que a sucedem, um verdadeiro diamante bruto, que abre caminhos para aquele que é considerado uma de suas obras primas “Angústia” (pensaram que eu ia falar Vidas Secas, não é ^.^) , considerado melhor desenvolvido, mais maduro, porém, sem deixar de lado as características do trabalho de Graciliano, as palavras do autor comprovam minha visão sobre sua escrita:
E é exatamente esse o princípio seguido na narrativa, em que na pequena Palmeira dos índios, João Valério vê-se cercado pela nata da sociedade, rodeado pelas pessoas mais influentes da cidade: comerciantes, bacharéis, conhecedores das letras, enfim, os mais abastados intelectual ou economicamente, que nunca o abandonam, sempre juntos no bar, nos jantares, na redação da “Semana”, pequeno jornal com o qual colabora.
Durante toda a leitura somos envolvidos em diálogos sobre a vida social do lugar - política e religião estão entre os temas prediletos- por isso fala-se em Naturalismo, período literário que, entre outras, aponta a influência do meio sobre a formação do homem. Porém, apesar de nada solitário, o personagem mostra-se muito isolado. Vejo-o como um egoísta, sempre voltado para si, mesmo quando seus pensamentos são sobre a mulher amada ele consegue dedica-lhe o mínimo de atenção, sempre focando em seus desejos, em como os acontecimentos vão afeta-lo ou, no máximo, em como ele afetou os demais com seu comportamento “apaixonado”.
Analisando um frustrado e insatisfeito João Valério, percebemos muito claramente que ele muito pensa e pouco ou nada faz, tudo quer, mas por nada se arrisca, o que realmente deseja é conforto e aparência, aliás, seria somente a isso que ele se prende se não fosse a literatura, a que exalta e vê como a redentora dos que nada tem, pois se domina a língua, para ele é merecedor de alguma coisa.
A leitura não é da mais fluídas, são raros os momentos em que isso acontece e vemos as coisas saírem do lugar (poucos momentos que o enredo apresenta um “clímax”). Reviravoltas surpreendentes não há senão o fim - que a meu ver pode ser lido nas entrelinhas de todo o romance -, é o momento em que o personagem-narrador enxerga-se com mais clareza, ou seja, e nos permite ver a grande crítica presente nas palavras de Graciliano Ramos.
Gostei do livro? Não é está entre meus preferidos. Então você pode se perguntar "Por que indica?", por isso, me adianto e respondo: indico essa leitura, como a da maioria dos clássicos, porque eles nos fazem leitores plenos, capazes de ver o que há por traz das palavras, não só nas dos livros, mas nas palavras que compõe nossa história cotidiana. Se vocês querem expandir sua visão como cidadão, como ser humano, como leitor, testar-se como tal, aprimorar-se com um leitor mais 'eclético'. A poesia aguça nossa sensibilidade, prosa fantástica nossa imaginação, e a literatura brasileira clássica o nosso capacidade crítica perante o que é social, nossa capacidade crítica e de compreensão do que nos cerca, ela nos faz menos fechados em redomas de comodismo e apatia. Para isso basta um simples exercício: ler e refletir.
Em síntese, o que quero dizer é: permita-se ler estilos variados, fechar o livro e pensar o que o autor quis dizer, mesmo que não tenha sido sua leitura preferida. Amplie o repertório, dê uma base à suas críticas. As vezes encontramos livros dos que não gostamos, as vezes descobrimos obras fantásticas. Como em todas as vezes que abrimos um livro, seja ele um lançamento ou não, aventure-se! Leia ;)
Espero que eu tenha passado a mensagem corretamente, deixem suas opiniões, gostaria muito de saber o que acharam da resenha :)
Em síntese, o que quero dizer é: permita-se ler estilos variados, fechar o livro e pensar o que o autor quis dizer, mesmo que não tenha sido sua leitura preferida. Amplie o repertório, dê uma base à suas críticas. As vezes encontramos livros dos que não gostamos, as vezes descobrimos obras fantásticas. Como em todas as vezes que abrimos um livro, seja ele um lançamento ou não, aventure-se! Leia ;)
Espero que eu tenha passado a mensagem corretamente, deixem suas opiniões, gostaria muito de saber o que acharam da resenha :)
Até o próximo post!
0 comentários