Aos Leitores no Vestibular #1: Auto da Barca do inferno, de Gil Vicente
Mais um post Aos Leitores Vestibulandos !
Como prometido aqui, vou reunir as informações que encontrar sobre os livros que estão na lista da Fuvest e da Unicamp.
Para começar trago mais um post do Guia do Estudante ( repito que vale a pena conferir, o blog da revista é óootimo!) Postarei da forma que encontrar na fonte, colando os devidos créditos no final da postagem, atualizando como puder. Aproveite, acesse o original e descubra muito mais!
Para começar trago mais um post do Guia do Estudante ( repito que vale a pena conferir, o blog da revista é óootimo!) Postarei da forma que encontrar na fonte, colando os devidos créditos no final da postagem, atualizando como puder. Aproveite, acesse o original e descubra muito mais!
Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente, considerado o criador do teatro português e um dos maiores gênios da dramaturgia mundial, apresenta nessa peça um painel crítico da sociedade de sua época.
Na peça Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente coloca vários personagens numa situação-limite. Todos estão mortos e chegam a um porto onde há duas embarcações: uma é chefiada pelo Anjo, que conduz ao paraíso. A outra, pelo Diabo e seu Companheiro, vai para o inferno. Os personagens se apresentam diante do espectador como em um desfile, ao fim do qual cada um terá de enfrentar seu destino.
Esses personagens não representam indivíduos definidos, mas, sim, tipos sociais. Ou seja, não têm características psicológicas particulares. Servem como espécies de modelo, para exemplificar qual era, segundo Gil Vicente, o comportamento de determinados setores da sociedade da época. Por isso, podem ser denominados personagens alegóricos.
As alegorias são imagens que servem de símbolo a interpretações, como representações de uma situação ou de um setor social. Nessa peça, por exemplo, um fidalgo com um pajem e uma cadeira são uma alegoria para toda a nobreza ociosa de Portugal.
O autor se inspirou bastante no teatro alegórico medieval, puramente cenográfico, e também nos momos – manifestações populares em que figuras fantasiadas representavam os vícios e as virtudes. Os autos eram representações comuns na Idade Média, em geral de conteúdo satírico ou alegórico. Publicado em 1517, o Auto da Barca do Inferno é, de acordo com o autor, um “auto de moralidade”.
ENREDO
O Fidalgo é o primeiro a aproximar-se dos barcos, acompanhado de um pajem e de uma cadeira, símbolo de sua pretensa nobreza. O Fidalgo dirige-se primeiramente à Barca do Inferno, ainda sem reconhecer seu capitão. Quando enfim o Diabo se apresenta, o Fidalgo recusa-se a entrar no batel (barco) infernal, alegando que se salvaria por deixar na outra vida quem rezasse por ele. O Diabo responde-lhe com ironia:
“Quem reze sempre por ti?...
Hi-hi-hi-hi-hi-hi-hi!… E tu viveste a teu prazer, cuidando cá guarecer (encontrar abrigo, salvação) porque rezam lá por ti? Embarca!, ou embarcai!, que haveis de ir à derradeira, (final) mandai meter a cadeira que assim passou vosso pai”.
Nesse trecho, é possível perceber a fineza da ironia do Diabo – personagem pelo qual fala muitas vezes a voz do autor. Observe, por exemplo, como o Diabo muda o pronome de tratamento de “tu” para “vós” no verso: “Embarca!, ou Embarcai!”, colocando em dúvida a nobreza de seu interlocutor. No último verso do trecho, o Diabo ofende a linhagem do Fidalgo, dizendo que o pai do personagem também teria tido como destino a danação. O Fidalgo encaminha-se então para a barca do paraíso, na qual é duramente reprimido pelo arrais do céu, o Anjo, que o acusa de “tirania” e o manda de volta à barca infernal, para a qual ele se encaminha resignadamente.
O Onzeneiro (agiota) carrega uma bolsa, símbolo de sua ganância. Assim como o Fidalgo e os demais personagens, ele acredita erroneamente em sua salvação. Após travar diálogo com o Diabo, encaminha-se para o batel celeste, do qual é repelido e obrigado a retomar seu destino, ou seja, o inferno.
Esse triplo movimento (Barca do Inferno, Barca do Céu, Barca do Inferno) é seguido pela maioria dos personagens. Por isso, a peça apresenta uma estrutura esquemática, que se disfarça pela inclusão da figura do Parvo, personagem que representa o povo e é colocado assimetricamente entre os condenados.
O Parvo, por ser tolo e inocente, não é condenado, embora utilize uma linguagem chula e muitas vezes ofensiva. Dirige-se ao Diabo da seguinte
forma:
“Furta-cebolas! Hiu! Hiu!
Excomungado das igrejas! Burrela, cornudo sejas! (diminutivo de burra, zombaria, esparrela) Toma o pão que te caiu, A mulher que te fugiu Pera a Ilha da Madeira! Ratinho da Giesteira, (trabalhador do campo) O demo que te pariu!”
Ao Parvo segue-se o Sapateiro, que leva consigo as ferramentas, símbolos de seu ofício e de sua maneira de ganhar dinheiro com a necessidade alheia. Ele espera salvar-se por ter confessado seus pecados e comungado antes de morrer. O Diabo, porém, o condena por sua hipocrisia, que o levava a roubar seus clientes logo depois de assistir às missas.
O Frade carrega armas de combate – um capacete e uma espada – e uma amante, Florença. Um dos personagens mais ridicularizados do auto, ele baila o tordião (dança cortesã) e dá aulas de esgrima diante do Diabo. O Frade acredita que, graças à sua condição de sacerdote, encontrará salvação.
Após ser ironizado pelo Diabo e pelo Parvo, o padre segue o caminho dos demais danados.
Brísida Vaz é uma alcoviteira (dona de prostíbulo) e carrega vários apetrechos: hímens postiços, peças de encantar os homens, artigos de feitiçaria – o que indica que Gil Vicente condenava crendices e superstições populares. Seu destino é a perdição. Ela ainda argumenta, em vão, que salvou mais meninas do que Santa Úrsula. Utilizando linguagem vulgar, chama o Anjo de “barqueiro, mano, meus olhos”.
O Judeu aparece acompanhado de um bode e, por não seguir a fé cristã,
não compreende tudo o que está ocorrendo. Inicialmente, nenhum dos barqueiros deseja levá-lo. O Diabo, por fim, consente em carregá-lo, mas a reboque. Em Portugal, naquela época, estava disseminado um forte anti-semitismo (preconceito contra os judeus), A cena escrita por Gil Vicente expressa essa situação. Cabe aos leitores atuais entendê-la no contexto do período em que foi criada.
Os dois personagens que se seguem – o Corregedor e o Procurador – chegam carregados de livros e de processos. São corruptos e falam numa linguagem empolada, cheia de citações em latim, nas quais quase sempre incorrem em erros. Achincalhados pelo Parvo, são logo mandados para a Barca do Inferno, cada vez mais cheia.
O Enforcado também é um condenado, embora esperasse encontrar salvação porque lhe disseram que iria para o céu se abdicasse da vida. Logo percebe que havia sido enganado e acaba aceitando entrar na barca satânica.
O auto se encerra com quatro cavaleiros trazendo uma cruz, o que indica que morreram nas cruzadas, defendendo a fé cristã. Após uma curta resposta ao Diabo (“Quem morre por Jesus Cristo não vai em tal barca como essa!”), encaminham- se à barca celeste.
Na obra, o tempo e o espaço não são definidos. Encontram-se em uma dimensão mítica, às margens do rio da morte, o rio Letes, já que se trata de uma obra alegórica.
Auto da Barca do Inferno - Conheça os personagens da peça de Gil Vicente
ANJO – arrais, ou seja, navegante da barca celeste.
DIABO E SEU COMPANHEIRO – conduzem a barca infernal.
FIDALGO – representa todos os nobres ociosos de Portugal.
ONZENEI RO – simboliza o pecado da usura e a classe dos agiotas.
PARVO – representa o povo português, rude e ignorante, porém bom de coração e temente a Deus.
FRADE – representa os maus sacerdotes.
BRÍSIDA VAZ – alcoviteira (cafetina), simboliza a degradação moral e a feitiçaria popular.
JUDEU – representa os infiéis, que são alheios à fé cristã.
CORREGEDOR E PROCURADOR – encarnam a burocracia jurídica da época.
ENFORCADO – é o símbolo da falta de fé e da perdição.
QUATRO CAVALEIROS – representam as cruzadas contra os mouros e a força da fé católica.
DIABO E SEU COMPANHEIRO – conduzem a barca infernal.
FIDALGO – representa todos os nobres ociosos de Portugal.
ONZENEI RO – simboliza o pecado da usura e a classe dos agiotas.
PARVO – representa o povo português, rude e ignorante, porém bom de coração e temente a Deus.
FRADE – representa os maus sacerdotes.
BRÍSIDA VAZ – alcoviteira (cafetina), simboliza a degradação moral e a feitiçaria popular.
JUDEU – representa os infiéis, que são alheios à fé cristã.
CORREGEDOR E PROCURADOR – encarnam a burocracia jurídica da época.
ENFORCADO – é o símbolo da falta de fé e da perdição.
QUATRO CAVALEIROS – representam as cruzadas contra os mouros e a força da fé católica.
Estude as obras literárias da Fuvest – Auto da Barca do Inferno
A ideia é falar um pouco do livro e, claro, dar as dicas de como aprender mais sobre elas de uma maneira divertida! E não se esqueçam: mesmo com as dicas, é essencial ler o livro na íntegra. Resumos e análises só para aquela revisão final antes das provas.
Para quem não sabe, são elas: Auto da barca do inferno, de Gil Vicente; Memórias de um sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida; Iracema, de José de Alencar; Dom Casmurro, de Machado de Assis; O Cortiço, de Aluísio Azevedo; A cidade e as serras, de Eça de Queirós; Vidas secas, de Graciliano Ramos; Capitães da areia, de Jorge Amado; e Antologia poética, de Vinícius de Moraes.
Ah, vale lembrar que as obras da Fuvest 2012 são as mesmas cobradas pela Unicamp!
Começamos com “Auto da barca do inferno”, do português Gil Vicente.
Na clássica peça de 1517, considerada marco inaugural do estilo em Portugal, viajantes que acabaram de morrer chegam desorientados e precisam subir em uma das duas barcas que o esperam. Uma vai para o céu. A outra, para o inferno.
Enquanto o diabo é um anfitrião solícito que quer todos em sua barca, o anjo é difícil de ser convencido. Os diversos personagens que dialogam com os dois barqueiros representam a sociedade medieval da época e são igualmente julgados, não importando as classes sociais: padre, prostituta, cavaleiro, juiz: todos têm a vida passada a limpo.
Veja dicas de uma história em quadrinhos e um programa de televisão para você se divertir e aprender um pouco mais sobre o livro:
Quadrinhos
A Editora Peirópolis lançou agora a versão em quadrinhos do clássico, com ilustrações de Laudo Ferreira e cores de Omar Viñole. O texto preserva rimas, métricas e o português arcaico da peça.
Como o texto original, de fato, é um tanto complicado e que requer muita atenção (e notas de rodapé explicando o significado de diversas palavras), os quadrinhos ajudam a entender melhor a história e deixá-la mais divertido.
Televisão
Na TV Cultura foi produzida uma série chamada “Tudo o que é sólido pode derreter”, que conta a história de Thereza e seus amigos em um colégio de São Paulo.
Em cada episódio ela estuda grandes obras da literatura de língua portuguesa e sua vida sempre acaba se envolvendo com as histórias e os personagens.
No primeiro episódio, o livro abordado é “Auto da barca do inferno”. É o primeiro dia de aula e Thereza está meio tímida na sala, há muita gente que não conhece. Prestando atenção nas pessoas a sua volta, ela começa a imaginar qual seria o destino de cada um se também fossem personagens do livro de Gil Vicente.
É possível assistir o episódio no site da Cultura.
Obra de Gil Vicente expõe elementos da transição entre Idade Média e Renascimento
Religiosidade e antropocentrismo se encontram em Auto da Barca do Inferno que mostra destino de cada tipo de pecadorEsteticamente, o , de , é uma peça teatral do português. “Isso significa que é uma obra do período de transição entre a cultura medieval e a renascentista”, esclarece Fernando Marcílio Lopes Couto, professor de literatura do Sistema Anglo de Ensino. Por isso, os vestibulandos devem saber diferenciar os elementos do livro característicos da e os do , destaca Couto.
As referências religiosas, as imagens de Deus e do diabo, por exemplo, são medievais. Já o antropocentrismo e o interesse de em abordar questões da sociedade humana, construindo os tipos, são do , exemplifica o professor.
A estrutura do texto, em versos, era muito comum na , e está presente em toda a obra de , lembra Fernando Couto. “A peça progride com estrutura repetitiva: uma personagem chega ao local onde estão duas barcas, uma que vai para o céu e outra para o inferno. E entra em uma das barcas. Depois, chega outra personagem e faz o mesmo. E assim por diante”, acrescenta Couto.
Sobre as personagens, o professor alerta que é “interessante saber quem é punido e quem é glorificado, porque cada personagem é uma alegoria pra um pecado”. Ele explica que todas as almas têm diversos pecados, mas são punidas de acordo com um único pecado mais simbólico (como a vaidade ou a soberba). Essa exaltação de um só aspecto caracteriza a construção dos tipos, marcantes no .
Acesse a fonte: Guia do Estudante
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