Vidas Secas, romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época.
Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão.
A ESTÉTICA DA SECA
O livro consegue desde o título mostrar a desumanização que a seca promove nos personagens, cuja expressão verbal é tão estéril quanto o solo castigado da região. A miséria causada pela seca, como elemento natural, soma-se à miséria imposta pela influência social, representada pela exploração dos ricos proprietários da região.
Os retirantes, como o próprio nome indica, estão alijados da possibilidade de continuar a viver no espaço que ocupavam. São, portanto, obrigados a retirar-se para outros lugares. Uma das implicações dessa vida nômade dos sertanejos é a fragmentação temporal e espacial.
ENREDO
O enredo, marcado por essa falta de linearidade temporal, tem dois capítulos bem definidos: o primeiro (“Mudança”) e o último (“Fuga”). “Mudança” narra as agruras da família sertaneja na caminhada impiedosa pela aridez da caatinga, enquanto em “Fuga” os retirantes partem da fazenda para uma nova busca por condições mais favoráveis de vida. O romance estrutura-se por meio da sequência retirada/permanência em terras alheias/retirada.
A escolha do foco narrativo em terceira pessoa é emblemática, uma vez que esse é o único livro em que utilizou tal recurso. Trata-se, na verdade, de uma necessidade da narrativa, para que fosse mantida a verossimilhança da obra. Por causa da paupérrima articulação verbal dos personagens, reflexo das adversidades naturais e sociais que os afligem, nenhum parece capacitado a assumir o posto de narrador.
ESPAÇO
A narrativa é ambientada no sertão, região marcada pelas chuvas escassas e irregulares. Essa falta de chuva – somada a uma política de descaso do governo com os investimentos sociais – transforma a paisagem em ambiente inóspito e hostil.
TEMPO
Além da falta de linearidade do tempo, em há nítida valorização do tempo psicológico, em detrimento do cronológico. Essa opção do narrador de ocultar os marcadores temporais tem como principal conseqüência o distanciamento dos personagens da ordenação civilizada do tempo.
CONCLUSÃO
é um dos maiores expoentes da segunda fase modernista, a do regionalismo. O diferencial desse livro para os demais da época é o apuro técnico do autor. , ao explorar a temática regionalista, utiliza vários expedientes formais – discurso indireto livre, narrativa não-linear, nomes dos personagens – que confirmam literariamente a denúncia das mazelas sociais.
Graciliano Ramos: prefeito, jornalista e escritor
Nasceu em Quebrângulo (AL), em 27 de outubro de 1892. Fez os estudos secundários em Maceió, onde começou a publicar na imprensa poemas e outros textos. Em 1910, sua família se estabeleceu em Palmeira dos Índios (AL). Foi para o Rio de Janeiro em 1914 e começou a trabalhar como revisor em jornais. No ano seguinte, em virtude da morte de três irmãos, vitimados pela peste bubônica, retornou a Palmeira dos Índios. Foi prefeito da cidade de 1928 a 1930, e um de seus relatórios de prestação de contas chamou atenção pela qualidade literária. Em 1933, já morando em Maceió, publicou o primeiro romance, Caetés. São Bernardo surgiu em 1934 e Angústia, em 1936, ano em que foi preso pelo regime de Getúlio Vargas, sob a acusação de subversão. Após ser libertado, fixou-se no Rio, atuando como jornalista e inspetor de ensino. Lançou em 1938. Morreu de câncer, no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1953. O livro Memórias do Cárcere, relato de sua prisão, foi lançado postumamente.
Estude as obras literárias da Fuvest – Vidas Secas
Romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos que viajam para fugir da seca. A família é composta por Fabiano, sua esposa Vitória e seus filhos (cujos nomes não aparecem e são chamados de “Menino mais Velho” e “Menino mais Novo”). Também tem a cachorra Baleia, considerada parte da família.
O livro é considerado o melhor exemplo na “segunda fase modernista” da literatura brasileira, considerada “regionalista” por tratar de maneira realista e crítica determinada terra e gente, tentando entender seus costumes e situação atual.
Veja dicas de um filme, um livro e um site para você se divertir e aprender um pouco mais sobre o livro:
Filme
O filme Vidas Secas, do cineasta Nelson Pereira dos Santos, estreou no Rio de Janeiro há exatos 48 anos atrás, em 1963. Tão “seco” e objetivo quanto o livro, o filme narra com poucas falas e em preto & branco a vida de Fabiano e sua família.
Sucesso no Brasil e no exterior, o filme ganhou o prêmio do Festival de Cannes (França) de 1964, foi indicado à Palma de Ouro e foi considerado pelo British Film Institute uma das 360 obras cinematográficas fundamentais da história para se ter em uma cinemateca.
Edição comemorativa
Uma edição do livro lançada em 2008 pela editora Record, quando a obra completou 70 anos, faz o leitor mergulhar no universo de Fabiano e sua família e visualizar com clareza extra a luta pela sobrevivência.
Isso porque a edição, além de ter o texto original, traz centenas de fotografias de Evandro Teixeira, fotógrafo baiano famoso por seu trabalho com fotojornalismo.
Evandro percorreu o sertão nordestino e fotografou a realidade retratada por Graciliano Ramos décadas atrás: a paisagem árida e hostil, a seca, a fome, a morte, a vida de resistência dos sertanejos.

Site
O site oficial de Graciliano Ramos traz muitas informações extras sobre a vida do autor e ajuda a entender melhor o contexto em que escreveu seus livros e como suas próprias experiências influenciaram sua literatura. Fotos atuais mostram sua cidade, Quebrangulo (Alagoas), e o museu que construíram em sua homenagem.
Na parte “Obra”, dá para descobrir mais detalhes de Vidas Secas e algumas curiosidades. Exemplos: o livro está em sua 112ª edição no Brasil! Ele também recebeu, em 1962, o Prêmio da Fundação William Faulkner (EUA) como livro representativo da Literatura Brasileira Contemporânea.
Acesse a Fonte: Guia do Estudante
Uma edição do livro lançada em 2008 pela editora Record, quando a obra completou 70 anos, faz o leitor mergulhar no universo de Fabiano e sua família e visualizar com clareza extra a luta pela sobrevivência.
Site
O site oficial de Graciliano Ramos traz muitas informações extras sobre a vida do autor e ajuda a entender melhor o contexto em que escreveu seus livros e como suas próprias experiências influenciaram sua literatura. Fotos atuais mostram sua cidade, Quebrangulo (Alagoas), e o museu que construíram em sua homenagem.