O quão acordada (o) você está nesse momento? Eu sei que você não está dormindo, caso contrário isso seria um sonho e eu provavelmente não estaria nele, mas vou perguntar novamente e você vai atender: o quão desperta (o) você está para a vida, para o mundo ao seu redor? Acredito que nem sempre é preciso estar dormindo para se dizer que alguém está adormecido, afinal, quantas pessoas passam pela vida sem aproveitá-la de fato, ficam enclausuradas em uma rotina (o/), deixam passar desapercebidas coisas que realmente importam, ou pior, são insensíveis ao que está ao seu redor e, no fundo, é como se não estivessem vivendo de fato?

        O livro indicado de hoje à primeira vista poderia facilmente ser julgado como um conto de fadas moderno, com um título  que sugere a história da Bela adormecida, chama atenção dos leitores que por ventura gostem de história fofas e finais felizes, mas não se engane. Por isso, leio, logo indico!


        Esse seria o ponto da “resenha” onde disponibilizo a sinopse do livro – mesmo que eu seja do tipo de leitora que não gosta muito de lê-la –, pois não sou muito boa em fazer “resumos”, nem é algo que chame minha atenção em um post ( isso é assunto para outro momento). Mas nesse caso acho que essa parte é totalmente dispensável, pois de certa forma acho que a história toda é uma sinopse mais (bem mais) desenvolvida.  Explicarei o que quero dizer.

    Adormecida é um livro de apresentação, uma distopia , que mais se encaixa na categoria “pós-apocalíptica”,  que apresenta o que se tornou o mundo. Quando os olhos de Rose Fiztroy se abrem pela primeira vez em mais de 60 anos, acompanhamos uma visão muito mais coerente do despertar da “bela adormecida”, apesar de nem tão coerente, nem tão bela.  

Durante o tempo em que esteve em “estase” ( é assim que se chama essa espécie de sono induzido, que em principio me deixou com cara de “What”? já que ninguém explicava direito) a garota não envelheceu como seria coerente natural. Isso poderia ter lá suas vantagens, certo? Errado. Não para Rose, que não encontrou nenhum “prol”, apenas os “contras”.Imaginem acordar depois de tanto tempo e saber que tudo o que você amava, tudo o que você chamava de sua vida, mudou. O mundo de Rose (em sua mente) permaneceu estático, inalterado enquanto ela dormia , mas todo o resto não.

Não posso julgar Rose como uma personagem fraca, nem repudiar qualquer comportamento dela, pois durante a leitura apenas pude começar a conhecer quem era a garota desnutrida e que mal conseguia correr sem que cada fibra de corpo protestasse. Depois de tanta inatividade nem ela mesma sabia quem era, então juntos, leitor e personagem, fazem vivenciam o início de uma jornada, não só de descoberta de um mundo, mas de autodescoberta.

Tudo acontece muito rápido (apensar de o tempo cronológico não avançar tanto depois que Rose acorda), nada se aprofunda, os personagens são  do tipo  que você quer conhecer mais, ver mais de perto:  Bren, o garoto bonito, tão perto tão distante, e sua família pouco explorada na trama; Otto, tão diferente, enigmático, fofo; e outros que passam apenas de relance.  Particularmente, gostei muito dos flashbacks na história, que tiveram momentos fofos (ah, Xavier v.v)  e, ao mesmo tempo, outros nos quais você queria dizer poucas e boas a um certo casal de pais desnaturados.

Não há nada no enredo que seja totalmente fantástico, nem momentos de tirar o fôlego, mas é uma leitura agradável e fácil de se conectar. Muitas vezes me senti ligada àquela menina (a narrativa em primeira pessoa tem esse poder, não?), quis fazer algo por ela, senti pena. E quando tudo terminou  fiquei torcendo por ela, para que ela encontrasse uma luz, calor  em meio à frieza que a rodeava – é espero uma continuação mais feliz, em vários sentidos. Tudo apenas começou, é um dos livros mais introdutórios que eu já li, dá margem para muitas coisas, mas essa distopia tornar-se muito boa ou não, é algo que dependerá da criatividade da autora e da capacidade de movimentar as coisas. Afinal, o acontecerá agora que Rose já não está mais adormecida?